Diálogo com o Evangelho do 3º Domingo do Advento, 17 de dezembro, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui. (ainda não disponível)
Evangelho (Jo. 1, 6-8)
Apareceu um homem
enviado por Deus, chamado João.
Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos
acreditassem por meio dele.
Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém,
sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?».
Ele confessou e não negou: «Eu não sou o Messias».
Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?». «Não sou», respondeu ele.
«És o profeta?». Ele respondeu: «Não».
Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos
enviaram, que dizes de ti mesmo?».
Ele declarou: «Eu sou a voz que clama no deserto: "Endireitai o caminho do
Senhor", como disse o profeta Isaías».
Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então porque batizas, se
não és o Messias, nem Elias, nem o profeta?».
João respondeu-lhes: «Eu batizo na água; mas no meio de vós está Alguém que não
conheceis:
Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das
sandálias».
Tudo isto se passou em Betânia, além do Jordão, onde João estava a batizar.
DIÁLOGO
No diálogo do Domingo
passado pusemos em relevo a faceta de João Batista como grande pregador.
Ele pregava para
sacudir as consciências, para pôr em questão os hábitos dos seus ouvintes, para
os estimular a viver algo de muito melhor, que Deus lhes vinha oferecer através
desse Salvador que estava para chegar.
Mas a passagem do Evangelho de São João que lemos hoje é toda ela centrada
noutra faceta:
“Apareceu um homem
enviado por Deus, chamado João.
Veio como testemunha, para dar testemunho da luz,
a fim de que todos acreditassem por meio dele.”
É a faceta de testemunha da vinda do Messias Salvador.
Ora, nós sabemos que o que é próprio duma testemunha, não é centrar sobre si
mesma as atenções dos que a ouvem, mas dirigi-las para os factos que se
passaram e para as pessoas sobre as quais se pretende dar testemunho.
Muitas pessoas iam ter com João Batista, que pregava e batizava no rio Jordão,
segundo os relatos dos evangelhos. Era natural que ficassem presos pelas suas
pregações vigorosas, mas o que João queria era que toda a gente que o escutava
dirigisse a atenção para o Messias que estava para vir, que até já estava no
meio deles, mas sem ser reconhecido.
João Batista foi
enviado por Deus para dar testemunho da Luz. Assim, procura que todas as
atenções se dirijam para essa Luz.
João não quer atrair a atenção das pessoas sobre ele próprio, tendo muitos
admiradores, mas que se virem para Jesus que é a luz de Deus, que os pode
transformar.
Diante das pessoas
notáveis que se dirigem a ele, para saberem quem ele é, João não lhes responde
«Eu sou…», mas quem não é:
“Eu não sou o Messias!”, “Eu não sou Elias!”, “Eu não sou o profeta!”
Ele apresenta-se como
uma simples «voz». A voz que articula um conjunto de sons, necessários para que
surja a «palavra» que, essa sim, comunica a mensagem.
João testemunha que quem é importante é Jesus que é o comunicador de Deus, que
é a «Palavra de Deus».
Zacarias, seu pai, tinha razão quando a seguir ao nascimento da criança rezou
«E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à sua frente a
preparar os seus caminhos.»
João não é a Luz, é a lâmpada que tem por função apresentar essa luz.
Por vezes confundimos «dar exemplo» com «dar testemunho».
Ambos são importantes, pois os bons exemplos são um grande incentivo para os seguirmos e assim sermos pessoas melhores para os outros, assim como pessoas que procuram fazer bem o que lhes é confiado.
Também esperamos que
os nossos bons exemplos, e todos temos alguns, sejam seguidos por outros, a
começar pelos que temos responsabilidade de educar ou de ensinar ou de formar.
Mas «dar testemunho» como cristão é afirmar com clareza que há uma Fonte, donde nascem essas obras boas e as virtudes que praticamos.
Dizermos, com
naturalidade, quem é a Fonte onde vamos beber a esperança dum mundo melhor.
A nossa Fonte é Jesus, Filho de Deus e Emanuel (Deus Connosco). Essa Fonte, veio para ser acessível a todos, sem exclusão. E dá uma renovada alegria de viver, a quem se refrescar nela. Em todos os aspetos da vida, o cristão é chamado a seguir as atitudes e os ensinamentos de Jesus e também a dizer, que é Ele o inspirador do que fazemos.
Dar testemunho de
Jesus é uma atitude constante de procura da Vontade de Deus em cada situação
presente, em cada instante, sempre em liberdade, como Jesus o fazia, para dar
testemunho do Pai, a Fonte do Amor.
frei Eugénio (13.12.2020)
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