2006-11-22

O PORTUGUÊS, LÍNGUA DA EUROPA

De há muito que pressões na União Europeia para uma "simplificação linguística" se traduzem em riscos de desvalorização, por arrasto, da nossa língua. Os factos são conhecidos, assim como é conhecida a disputa que se trava.Se as línguas forem vistas em termos apenas intra-europeus, as nossas dificuldades serão enormes: o nosso peso demográfico é reduzido, a força económica e cultural idem, o peso político limitado, a geografia pôs-nos na periferia.
Mas tudo muda, se a UE for conduzida a olhar as suas línguas em termos globais, de abertura ao mundo e diálogo universal. O português é a terceira "língua europeia de comunicação universal", o que puxa outra "estatística", na demografia, no relevo cultural, no interesse económico, na potência política. E também no potencial. Além de nos retirar da periferia e nos colocar, com a Europa, no centro do mundo.
Noutra perspectiva: a Europa fica, também pela nossa língua, mais no coração da globalização.Foi com este pensamento que o deputado europeu Ribeiro e Castro lançou para a arena o conceito "línguas europeias de comunicação universal".
O primeiro êxito foi um parágrafo de uma resolução do Parlamento Europeu (sobre Macau) que, em Abril de 2003, reconheceu expressamente que "a língua portuguesa é, em número de falantes, a terceira língua europeia de comunicação universal".
O estatuto universal do português (a seguir ao inglês e ao espanhol; e à frente do francês) ficou escrito em letra de forma.
Surgiu recentemente uma grande oportunidade.A Comissão Europeia tem pela primeira vez um comissário com o pelouro expresso do "multilinguismo" que apresentou uma comunicação em Novembro de 2005, de intencionalidade política bem clara: "Um novo quadro estratégico para o multilinguismo".
Ou seja, a UE está a definir uma política europeia para o multilinguismo.Para nós, portugueses, e para a nossa língua, o desafio é claro: ou figuramos nessa estratégia e tudo bem; ou não figuramos nela e tudo mal... por muitos anos, certamente.
Foi há poucos dias foi aprovado pelo Parlamento Europeu, em Estrasburgo, por 537 votos a favor, 50 contra e 59 abstenções, uma resolução sobre o novo quadro estratégico para o multilinguismo, que integrou propostas do líder do CDS, José Ribeiro e Castro, as quais assumem particular relevância para a língua portuguesa:
* *Considerando que algumas línguas europeias são também faladas em muitos outros países terceiros e constituem um importante elo entre os povos e nações de diferentes regiões do mundo,
* *Considerando que algumas línguas europeias se prestam particularmente ao estabelecimento de uma comunicação directa com outras regiões do mundo;
* *Reconhece a importância estratégica das línguas europeias de comunicação universal como veículo de comunicação e como forma de solidariedade, cooperação e investimento económico e, por conseguinte, como uma das principais directrizes da política europeia em matéria de multilinguismo;
Recorda-se que, já em 8 de Abril de 2003, também por proposta do eurodeputado Ribeiro e Castro, foi aprovado um texto que se reconhece que "a língua portuguesa é, em número de falantes, a terceira língua europeia de comunicação universal.".
Em virtude da aprovação daqueles novos considerandos e parágrafo, o Parlamento Europeu afirma que a Europa não pode fechar-se sobre si própria, mas deve atender ao resto do mundo e à capacidade de comunicar à escala global.
E que algumas línguas são ferramentas preciosas nesse sentido.

1 comentário:

  1. é bom ter presente que em português muita gente se entende por todo o mundo.
    é bom que isso seja reconhecido institucionalmente e bem utilizado para construir um dia a dia mais de acordo com o "projecto de Deus" para o maior número de pessoas.
    obrigada pela notícia.

    ResponderEliminar