2008-09-05

Dar a César

Pois é. As presidenciais americanas aí estão e a religião lá está com toda a força. Obama escolheu para vice um católico praticante cuja posição pró-aborto ou pró-escolha (como lá dizem) lhe valeu uma reprimenda do Arcebispo de Denver. Até lhe queria negar a comunhão.
McCain não fez por menos e escolheu uma senhora impecavelmente anti-aborto, com circunstâncias auto-biográficas a darem mais realismo à sua posição.
Até uma jovem autora muçulmana Asma Gullan Osan (Why I am a Muslim) apareceu na CNN toda entusiasmada com o discurso de Palin. Não lhe agradou todavia a expressão "terrorismo islâmico" por considerar que ofende muçulmanos que o não apoiam.
O jogo entre religião e política é sério e, diria, violento. Reparem como ambos os partidos, puxa daqui puxa dali, piscam o olho ao eleitorado católico (1/4 do total).
Ora a descida da Igreja à liça é que nem sempre se sai bem. A posição do Arcebispo de Denver, por exemplo, faz parecer a eleição um referendo com uma única questão. Pior do que isso: faz o jogo dos políticos que sabem muito bem o que estão a fazer. E pior do que isso sai fora das linhas que o Papa estabeleceu nessa matéria.
Vamos citar a costumada sensatez do The Tablet: "Pedir à Igreja para não se meter na política é claramente irrazoável. Mas se os bispos católicos quiserem exercer influência política devem fazê-lo com uma apreciação mais subtil de questões complexas. Se não forem prudentes, os líderes da Igreja acabarão por ser cinicamente manipulados por aqueles cujo real interesse
não é a moralidade mas o poder."
Eu, por mim até acho que a Igreja, entenda-se nós cristãos e não apenas, mas também os Srs bispos e etc (cada um no seu devido lugar), se deveria meter mais. Mais ainda deviam levar a sua batalha pela vida a peito e em todas as questões, nomeadamente, nas questões de política externa que não sabemos quantos vidas mais vão ceifar... em nome de ... sei lá bem...

2 comentários:

  1. Concordo totalmente. A opção dos cristãos não pode ser feita apenas com base na questão do oborto (questão sempre polémica). Mas também deve ter em conta as opções económicas, de política criminal (de que a pena de morte é um exemplo), a protecção social, combate às desigualdades sociais, etc.
    De resto, é normal que haja cristãos empenhados de ambos os lados (e até será vantajoso...)

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  2. A questão do empenhamento dos leigos católicos na politica tem uma história bem variada ao longo dos séculos como todos sabem. Valeria a pena vermos mais de perto qual é a situação actual pelo menos na Europa;
    Quais serão os desafios que empenham e motivam os politios cristãos na Europa? Tony Blair tem uma fundação que aborda as relações entre a religião e a politica. Mas há certamente mais...
    f. E.

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